terça-feira, 22 de maio de 2012

Conjuntura eleitoral de Rio Grande

Contando o décimo eleitorado e o quarto PIB do Rio Grande do Sul, o município de Rio Grande passa por grande transformação em sua economia e no perfil de seus habitantes, em consequência dos vultosos investimentos que vêm sendo realizados em seu polo naval e também em sua universidade federal (FURG).  Cidade onde foi instalada a primeira refinaria de petróleo do país no início do século XX e uma das primeiras a se industrializar no estado, Rio Grande renasce hoje, depois de ter passado por um longo período de estagnação e decadência econômica.

Administrada desde 1996 pela família Branco que, sempre no PMDB, se sucedeu à frente da Prefeitura Municipal durante quatro mandatos seguidos, completando 16 anos de gestão municipal ao final deste ano, a cidade de Rio Grande se prepara para viver um dos pleitos eleitorais mais disputados de sua história recente. Fábio Branco, que já governou o município no período de 2001 a 2004 e que é o atual prefeito, será candidato a um terceiro mandato e terá como principal adversário Alexandre Lindenmeyer, do PT, ex-vereador, o mais votado da história do município, e deputado estadual eleito com votação naquela cidade e no seu entorno. Júlio Martins, vereador do PCdoB em quinto mandato e liderança ferroviária, também deverá concorrer.

A presença da família Branco no governo municipal teve início em 1996, quando Wilson Branco, que já fora eleito vereador e exercia o mandato de deputado federal pelo PMDB, ganhou a disputa para prefeito com 35% dos votos. Em 2000, Fábio Branco se elegeu prefeito, sucedendo seu tio Wilson e recebendo 50,4% dos votos. Naquele pleito, Alexandre Lindenmeyer ficou em segundo lugar, tendo obtido 27,4% dos votos. Em 2004 foi a vez de Janir Branco, primo de Fábio e filho de Wilson Branco, se eleger prefeito, conseguindo 75,7% dos votos válidos. Fábio Branco voltou à Prefeitura em 2008, obtendo 54% dos votos enquanto Dirceu Lopes, do PT, conseguiu 41%.

Não obstante as sucessivas vitórias peemedebistas e da família Branco em Rio Grande ao longo dos últimos anos, em 2010 o PT venceu as eleições para todos os cargos majoritários em disputa no município e o PCdoB despontou como uma terceira força expressiva no município. Dilma Rousseff (PT) venceu nos dois turnos, tendo obtido 52% dos votos válidos no primeiro e 60% no segundo, enquanto José Serra (PSDB) ficou com 31% e 40%. Tarso Genro (PT), eleito governador no primeiro turno, obteve 62% dos votos válidos enquanto Yeda Crusius (PSDB) e José Fogaça (PMDB) fizeram 17% cada um. Para o senado federal, Paulo Paim (PT) obteve 38%, Ana Amélia Lemos (PP) 29%, Abgail Pereira (PCdoB/PT) 17% e Germano Rigoto (PMDB) 14%.

Além disto, Alexandre Lindenmeyer (PT) elegeu-se deputado estadual graças aos votos que recebeu no município, já que quase 33 mil votos, dos mais de 38 mil que obteve em todo o estado, foram conquistados em Rio Grande, suplantando a votação obtida pelo já deputado Adilson Troca (PSDB), que se elegeu com pouco mais de 36 mil votos e obteve cerca de 20 mil no município. Para o cargo de deputado federal, Cláudio Diaz (PSDB), Dirceu Lopes (PT) e Manuela D´Ávila (PCdoB), nesta ordem, foram os candidatos mais votados pelos riograndinos.

Diante deste quadro, ainda que a atual administração esteja relativamente bem avaliada pela população, o atual prefeito não enfrentará uma disputa fácil. A vantagem tradicionalmente detida pelos prefeitos que se candidatam à reeleição e o benefício eleitoral do desenvolvimento econômico dificilmente serão usufruídos integral e exclusivamente pelo prefeito Fábio Branco. O impulso desenvolvimentista e as profundas transformações hoje em curso em Rio Grande são frutos da política de apoio à indústria naval e da decisão do governo federal de fazer daquele município o principal polo produtivo desta indústria. A votação obtida nas últimas eleições pelos candidatos e partidos que compõem a base política do governo federal permitem acreditar que a população riograndina atribui a eles em grande parte a responsabilidade pelas melhorias correntes.

Nenhum dos principais candidatos, ao que parece, detém vantagem hoje sobre o seu oponente direto. Fábio Branco, que conta hoje com 14 partidos na base de sustentação política do seu governo, repetirá a dobradinha com o PSDB, mantendo Adenilson Troca, irmão do deputado estadual Adilson Troca (e ex-vice-prefeito de Rio Grande), e fará o que estiver ao seu alcance para manter a maior base partidária possível. Alexandre Lindenmeyer, que conta hoje com o apoio de quatro partidos, a saber: PT, PSB, PPL e PSC, negocia com o PR e o PTC e tenta atrair o PV e até mesmo o PCdoB para o seu bloco de alianças.

Dividas hoje em duas candidaturas, as oposições poderão vir a se unificar até as convenções partidárias, a se realizarem até o final do próximo mês. Se isto ocorrer, a disputa se polarizará e a tendência será de que a eleição municipal em Rio Grande se torne a mais disputada dos últimos 20 anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário