quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Negros são maioria dos que ascenderam à classe média


Em 2001, 64% da população negra do Brasil estava na classe baixa. Hoje, esse percentual caiu para 38%. Nos últimos dez anos, comparando com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, os negros brasileiros passaram a responder por 51% da classe média do País, com renda per capita que vai de R$ 291 a R$ 1.019. Em 2001, 31% da população negra estava na classe média. Esses dados foram apresentados por técnicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), nessa terça-feira (20), em São Paulo, nas comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, na Faculdade Zumbi dos Palmares.

Dos entrantes na classe média brasileira entre 2001 a 2011, 75% são negros e 25% brancos e amarelos. Segundo o ministro da SAE, Moreira Franco, “esse é o retrato de uma nova sociedade, com mais igualdade de oportunidades. No entanto, muito ainda precisa ser feito pela redução da desigualdade no País”, ressaltou.

Hoje, 30% da população da América Latina e do Caribe pertencem à classe média. Entre os fatores que contribuíram para o resultado, o Banco Mundial destaca os maiores níveis de escolaridade dos trabalhadores, o aumento do emprego no setor formal, o maior número de pessoas vivendo em áreas urbanas e a elevação da presença feminina no mercado de trabalho.
* Uma boa notícia para comemorar o Dia da Conciência Negra

* Em questão

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Jaquirana merece entrar para a história

 

A Polícia Civil de Jaquirana (RS) prendeu por compra de votos um filho do prefeito reeleito, o coordenador da campanha e um vereador da cidade, de 4 mil habitantes, no final do mês de outubro. Houve resistência de populares, que ameaçavam entrar na delegacia para forçar a liberação dos presos. Não por falta de provas da compra de votos mas sim, ao que tudo indica, porque para os moradores que protestavam tais práticas fazem parte de sua cultura.
“Mississipi em Chamas” retratou um fenômeno semelhante, o do combate a um crime (no caso, o racismo) que já afrontava a consciência nacional, mas que ainda estava de tal modo enraizado em culturas locais que os agentes federais é que eram vistos como os inimigos, naquelas regiões. O clássico filme recebeu 7 indicações para o Oscar em 1989, por coincidência o mesmo ano da emancipação de Jaquirana (desmembrando-se de São Francisco de Paula), mas obviamente não há qualquer relação entre os dois fatos. O drama de Mississipi envolvia a violenta KKK, altamente organizada, enquanto os fatos de Jaquirana traduzem apenas uma triste “tradição cultural” política que só se distingue de muitos outros municípios pelo fato da Polícia Civil ter feito seu trabalho. 

Jaquirana merece entrar para a história não como sendo uma cidade corrupta, mas sim como aquela em que a Polícia Civil levou a sério a sua responsabilidade com a cidadania, evitando que a lei eleitoral seja “letra morta” diante de uma cultura clientelista espalhada pelo país. Em outros locais, em contraste, ouvimos lamentações de que as autoridades de vários níveis e esferas, desde as Polícias até o Ministério Público, estão tão “absortas” na cultura local a ponto de não identificarem tais tipos de crimes, como quem não quer se incomodar com – ou ainda pior, como quem faz parte diretamente dos – poderes locais que se locupletam com o clientelismo. 

Tão generalizado esse tipo de práticas, tão comum em pleitos municipais, que fica a dúvida se representam a vontade da maioria da população, justificando o ditado segundo o qual “cada povo tem o governo que merece”. Mas os que “não merecem” governos corruptos ficam sem ter a quem recorrer: em muitos lugares, são pessoas sem voz, sem representantes, sem cidadania plena, entregues a seus sentimentos de impotência diante do mar de lama e da conivência de tantos. 

Os federais retratados em “Mississipi em Chamas” (e aqui, a título de exemplo, não importa se o filme é meramente alegórico ou se foi fiel aos fatos) e a Polícia Civil de Jaquirana representam o braço da Lei – aqui em sua expressão maior, de legítima força do processo civilizatório – que se impõe a culturas que queremos deixar para trás, na História. A análise socioeconômica do mundo atual inclui questionar novas formas de “escravidão” disfarçadas, bem como o imperialismo comercial, mas nem isso permite concluirmos que não foi um avanço o fim da escravidão ou do colonialismo de séculos passados. Que Jaquirana, assim como Mississipi e tantos outros exemplos de conflitos de intenso teor moral, seja um marco de um processo evolutivo e não apenas um fato ocasional.

* Sul21

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

*Picadinhas de Conjuntura


O PSDB, sob a liderança de Serra deixou de ser um partido social democrata para tornar-se um partido de valores conservadores e sair da esquerda política para representar a direita social. Com isso o partido ganhou engajamento e perdeu representatividade. Hoje, a queda de Serra pode ser vista como a queda de um líder conservador.  

Primeiro Serra trouxe para a eleição de 2002 o tema do medo. Fez a propaganda com a Regina Duarte estampada na TV com medo do Lula. Depois, contra Dilma, apelou para o aborto. Agora é a vez do Kit-gay contra Haddad. O PSDB de Serra presta o desfavor de ressuscitar temas há muito afastados da política brasileira ao tentar marginalizar no debate político minorias em prol de certo tipo de moral dominante. 

O que dá consciência política é cidadania, é participação, é envolvimento nas questões públicas, e isso pode ser encontrado em pobres, ricos e médios.
Podemos até tentar esvaziar com argumentos a impressão de que propagandas  

Hoje, a queda de Serra pode ser vista como a queda de um líder conservador. Mas, ainda é preciso derrubar a fração do conservadorismo ligada ao autoritarismo que forma parte da base de apoio peessedebista em São Paulo (maior base partidária) e que se nutre da hegemonia de uma imprensa tendenciosa. 

* Texto sugerido por leitor